quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Se na vida tanto nos construímos diante daqueles que nos vê como construímos aquele que olhamos... então estamos diante da maior das obras de arte.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Mergulho em brasa contundente - Eliéser Baco

Desculpe-me, amigo, postei seu texto sem a sua permissão. Mas sabe como é, depois de divulgado, o texto não pertence mais ao autor, passa a pertencer também a cada um que o lê... especialmente os bons textos.
Por esse motivo agora o levo a público: texto esse, agora meu - colorindo nova tela, adaptado a novas bases e misturando-se a outras cores - quero que o pouco público (assim espero) que eu tiver sinta-se, da mesma forma, preenchido tão ricamente por tais ardis.

"Todo o espaço que eu detinha no olhar, cada vírgula do espaço a semear, escrevi. Cada supérfluo item desfiz, voltei-me para o ideal. Os ossos gelados e a noite eterna chegaram para alguns. Aqueci-me na recordação mais ampla, aquela que transita entre o sonho e a frustração. Aqueci-me a tempo de te achar. Oh, não tropecei novamente pois levitei de alegria, braços abertos a encontrar sentido no voar.Vinho que desfila suas nuances garganta abaixo. Troque a fechadura do amor pela cautela ouvi. Que sabor? Amarela? Dura de amargor aquarela? Coisas que só se vê nitidamente quando desliza das mãos rumo o fundo do lago. Sim, pois sim. Mergulho. Incandescente. Tua mão encaixa tão bem aqui. Movimentos sôfregos a levantar o tecido. Miúdos teus olhos só querem descansar dessa brasa tão contundente.
Aqueci-me no tempo de encaixar. Oh, não segurei novamente, pois levitei de euforia, braços fechados a encontrar sentido no arranhar das peles bravias. Concatenarei pensamentos em pouco tempo, espera, segura assim, isso. Vai, ópio e creme não combinam. Vinho e ópio, nós e ópio, vinho em nós, nos teus...
Que sabor? Amarela? Dura de amargor aquarela? Sim, pois sim. Mergulho. Incandescente. Novamente perdidos nas ruas antigas do melhor calor do mundo. Não imagino o que se apoderou de tudo que se formou e nem mesmo quando se formou. Apenas sei que foram centelhas que não detém duvida no seu nascer. Diálogos estranhos dessas línguas. Antes um pouco confidenciamos vontades e olhares.
A luz angular desse modo deixa os cabelos da senhorita mais envolventes, segundo meu olhar, claramente. Noto o sorriso e o além dele. O vibrar dele. Recolho o mais importante do que percebo em seu viver. Faço parte de sua vida por detalhes, que creio serem dignos de lembrança. Poemas no sentir, gemidos no suar, dúvidas no respirar. Vinhos inacessíveis ao olhar comum. No marejar instantâneo do mirar, vinho d’alma. Centelhas vindas de um mudo lar, que só pulsa diante dela verdadeiramente. Que no meu olhar recebe maremotos diferenciados, talvez nunca dantes navegados dignamente. Aqueci-me da manifestação mais ampla, aquela que transita entre o torpor dos corpos acelerados e revirar branco dos olhos extasiados, talvez nunca antes vislumbrados dignamente. Miúdos teus olhos só querem descansar dessa brasa tão contundente".

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

- Literalmente, estou a seus pés.
Ele riu da confissão que havia feito. Ela, do erro de português.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Nossos passos descompassados
Nossas bocas desencontradas
Bonito desconcerto que, por vezes, se harmoniza.
- Você bebeu?
- ... não.
E ele continua a beijar a dona de uma boca cheia de pecado.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Patrick Charaudeau, Linguagem e discurso - modos de organização

"É a linguagem que permite ao homem pensar e agir. Pois não há ação sem pensamento, nem pensamento sem linguagem".

Drummond, "Oito em um"

"Mas comecei a me aborrecer quando os meus diferentes eus entraram a exigir de mim funcionamento sincrônico em lugares distantes uns dos outros."