quarta-feira, 22 de julho de 2009

Sóror Juana Inés de la Cruz, poema "Primero sueño", vv. 158-166

"os simulacros que uma estimativa
deu à imaginativa
e esta que, por custódia mais segura,
em forma já mais pura
deu ao cofre da memória que, oficiosa,
gravou tenaz e guarda cuidadosa,
mas que forneciam para a fantasia
lugar onde fomasse
imagens mais diversas."

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Ode ao bardo

Fim de tarde.
Beleza de crepúsculo, mais belo que o dia e a noite propriamente dita, porque guardava o mistério dos dois. Raios solares entre estrelas.
Sim, tive tudo quanto quis.
Colorida fui, inteira, com suaves pinceladas de aquarela. Como me via nos meus jogos infantis.


Mas que meus olhos cansados já não me deixavam ver.


O sereno se elevava e me inebriava como os vinhos mais puros...
Tão profundamente envolta, assim como se os céus se misturassem com a terra.
Fui Julieta, não a amada por Romeu. Mais além. A edificada por seu artista.
Fez-me senhora dos seus desejos mais rústicos!...
Depois, a noite.


- E eu ainda devaneando sobre o homem que amei.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Adriana Falcão

"Muitos guarda-chuvas se abriram, crentes, talvez, que eram flores, já que não é característica de guarda-chuva ter conhecimento de que só se abre porque é aberto."

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Adolfo Bioy Casares, conto "Todos o homens são iguais", 2

"A verdade é que reclamamos lógica para os outros, mas nós prescindimos dela".

terça-feira, 14 de julho de 2009

Conto "Todos os homens são iguais", de Adolfo Bioy Casares

"O amor entre pessoas honestas nunca é inocente, nem parece prudente que seja".

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Soneto 165, de Sor Juana Inés -

Detente, sombra de mi bien esquivo,
imagen del hechizo que más quiero,
bella ilusión por quien alegre muero,
dulce ficción por quien penosa vivo.

Si al imán de tus gracias, atractivo
sirve mi pecho de obediente acero,
¿para qué me enamoras lisonjero,
si has de burlarme luego fugitivo?

Mas blasonar no puedes satisfecho
de que triunfa de mí tu tiranía;
que aunque dejas burlado el lazo estrecho

que tu forma fantástica ceñía,
poco importa burlar brazos y pecho
si te labra prisión mi fantasía.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Jerome Rothemberg

"A poesia imita o pensamento ou a ação. Ela propõe seu próprio deslocamento. Permite a vulnerabilidade e o conflito. Permanece, como a melhor ciência, constantemente aberta à mudança, a uma contínua troca em nossas ideias do que um poema é ou pode ser. O que é linguagem. O que é a experiência. O que é a realidade. Ela tornou-se, para muitos de nós, um processo fundamental para o jogo e a troca de possibilidades".

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Claudia Riolfi

"É, pois, essa indeterminação da identidade, a desnaturalização das verdades, o desnudamento do que apenas aparentemente é simples que está em jogo nos textos literários".

Walter Benjamin, "O narrador", parte 2

"Cada manhã somos informados sobre o que acontece em todo o mundo. E, no entanto, somos tão pobres em histórias maravilhosas! Isto, porque nenhum acontecimento nos chega que não está impregnado de explicações. Por outras palavras, quase nada do que acontece é favorável à narrativa e quase tudo o é à informação. Pode considerar-se já meia arte do narrar a reprodução de uma história isenta de explicações. O leitor tem a liberdade de interpretar as coisas como as entende e, desse modo, os temas narrados atingem uma amplitude que falta à informação".

Walter Benjamin, "O narrador"

"O narrador vai colher aquilo que narra à experiência, seja própria, seja relatada. E transforma-a por vezes em experiência daqueles que ouvem a história. No meio da plenitude da vida e através da representação dessa plenitude, o romance exprime a profunda perplexidade de quem a vive.".

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Alan Moore. Watchmen

"Existência é aleatória. Não tem padrão algum exceto aquele que nós imaginamos após olhar pra ela por muito tempo. Nenhum sentido salvo aquele que escolhemos impor. Este mundo desgovernado não é moldado por vagas forças metafísicas. Não é Deus que mata crianças (...) Somos nós. (...) O vazio soprou forte em meu coração, transformando minhas ilusões em gelo, estraçalhando elas. Renasci então, livre para rabiscar meus próprios desenhos neste mundo moralmente branco.”

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Eclesiastes 8, 8

"O homem não é senhor de seu sopro de vida, nem é capaz de o conservar".

Eclesiastes 9, 11

"Todos estão à mercê das circunstâncias e da sorte".

Eclesiastes 8, 16

"Nem de dia, nem de noite os olhos dos homens encontram repouso".

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Tocata e fuga - Dante Milano

É tudo aquilo que só existe no ar,
O que de nós, além de nós, se expande.
É a vertigem para o alto, igual à grande
Tocata e fuga em ré menor de Bach.
É o delírio de um bêbedo num bar...
É um não sair do chão por mais que se ande...
Tudo o que em mim, somente em mim existe,
Me transporta, me absorve, me suspende,
Me faz sorrir embora eu esteja triste,
Triste naquele universal sentido
Que a música interpreta e se compreende
Sem que em palavras seja traduzido.