segunda-feira, 20 de julho de 2009

Ode ao bardo

Fim de tarde.
Beleza de crepúsculo, mais belo que o dia e a noite propriamente dita, porque guardava o mistério dos dois. Raios solares entre estrelas.
Sim, tive tudo quanto quis.
Colorida fui, inteira, com suaves pinceladas de aquarela. Como me via nos meus jogos infantis.


Mas que meus olhos cansados já não me deixavam ver.


O sereno se elevava e me inebriava como os vinhos mais puros...
Tão profundamente envolta, assim como se os céus se misturassem com a terra.
Fui Julieta, não a amada por Romeu. Mais além. A edificada por seu artista.
Fez-me senhora dos seus desejos mais rústicos!...
Depois, a noite.


- E eu ainda devaneando sobre o homem que amei.

4 comentários:

  1. Eh, Aline...

    Que raios é isso? Uma homenagem a Manuel Bandeira? Um jogo verbal? A descrição do homem desejado? Puro desvario? Ou tudo isso junto?

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  2. O fim do dia, geralmente é marcado textualmente por um anúncio dos sonhos, pesadelos ou um espaço onde ciclos se encerram para depois renovarem-se, e ainda o motivo dos olhos se fecharem para depois voltarem a abrir. "Raios solares entre estrelas", aqui parece nítido ao leitor, a mim, que o diferente marca um aspecto do que é relatado, raios solares entre estrelas pode ser compreendido assim, como pode ser visualizado esteticamente como distúrbios naturais do cosmo da vida, ou ainda como parte do dia beirando a noite. Até este ponto um mistério ronda o escrito. Depois segue: "O sereno se elevava e me inebriava como os vinhos mais puros..." O ciclo textual mostra claro agora, uma forma natural, "sereno", faz algo mais forte na força intelectual/sensitiva, "inebriava como...". Luz clara aqui do devaneio, uma força natural agindo sobre o corpo e o intelecto, ou a combinação necessária e completa de ambos, o que tornaria tudo ainda mais forte para o que já foi chamado de "eu-lírico".

    O texto mostra seu intento físico-espacial: "Fez-me senhora dos seus desejos mais rústicos!... Depois, a noite. - E eu ainda devaneando sobre o homem que amei"

    Depois da tarde, onde os devaneios estavam, a noite, onde eles persistiam. O ciclo nao havia se encerrado ainda, psiquicamente no personagem é um traço importante.

    O tino físico, "desejos mais rústicos": se eu fosse mais conhecedor da escritora, poderia citar uma recordaçao de outros textos onde isso percorre. O devaneio em busca do desejo rústico permeava já Alvares de Azevedo e suas comparações com a natureza, com o fogo em certos casos e obviamente a noite. Seria o eu-lírico reflexiva como o autor de Noites na Taverna ou a escritora o seria? Olhando o tecido pronto, o texto, é o devaneio nostálgico e possível, da Julieta do próprio Bardo, e não do Romeu, mas do poeta maior e seu criador.
    Criadora e personagem deste texto se contrapõe ou desejam ser a Julieta do Bardo Will Shake. Personagens e seus criadores, o que enfatiza o teor próprio de estilo e tendência contemporânea, de ampliar o olhar textual, e garantir a ele, qualidade.

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  3. Dura de amargor aquarela?

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  4. Na aquarela da vida, alguns traços de pessoas sao por demais interessantes, ainda que sumam, ainda que pareçam querer amargurar duramente alguem!

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