terça-feira, 23 de junho de 2009

Babel

Palavras - fundação
Palavras - ex-pressão
Palavras - com - unic-ação
Palavras - form-ulação
Palavras - construção

de-sta-biliz-aç-ão

3 comentários:

  1. Na babel mais esperada, línguas tortas se consomem, trocam saliva, bem a tardinha, que chega a noite, que traz mais beijos entrecortados de mãos e o respirar mais forte ao pé da orelha. Palavra: função estática no tolo, errática no televisivo, febril e soturna no poeta, suada nas mãos do escritor moderno. Em mim: trôpego ensaio do viver.

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  2. Poema pobre, de rimas fáceis e de temática desgastada, só chama a atenção pelo fato de, em cada verso, repetir palavras, que nos remete ao sistema limitado, e, por outro, dispor de uma segunda palavra, que, apesar de ser retomada por rimas, aliterações e assonâncias nas palavras que as segue, mostra como o sistema linguístico é eficiente em suas diversas combinações para permitir a variedade do pensamento humano, como já nos advertiam Martinet e Chomsky.

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  3. Interessante também é o modo como a aspirante a poetisa segmenta as palavras e, com isso, sugere ao leitor morfemas passíveis de serem visualizados nelas para mostrar como, em seu cerne, são ricas em significações: as palavras passam a tomar impulso para se libertar do sujeito poético(ex-pressão), ação singular (com - unic-ação), possui organização, mas também o derramamento lírico (form-ulação).
    Somente as palavras "fundação" e "construção" não estão segmentadas, a primeira por ser espécie de nascente das demais palavras e a segunda como o valor de um todo estruturado.
    O final, com segmetações aleatórias, revela que, não obstante o poema ter sugerido com constância que a língua é basicamente um sistema, suas entranhas bem estruturadas, quando observadas, permitem, como um prisma incidido pela luz, a decomposição de elementos inesperados.

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